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Roça de Toco

Atrasada é a definição que o agronegócio dá a tudo que ele não se apropria.

A roça de toco é uma das práticas milenares resistente em comunidades tradicionais que seguem dizendo não ao pacote quimicamente dependente desde a revolução verde.

Primeiro os agricultores escolhem uma área para o plantio em suas comunidades, realizam o corte rasteiro da vegetação e de arvores, que são definidas por eles levando em consideração o manejo sustentável da biodiversidade, em seguida fazem o uso do fogo de forma controlada e racional para queimar o restante da vegetação e os tocos que não foram aproveitados durante o corte, as cinzas resultante da queima contribuem para a fertilização do solo onde posterior será plantado uma diversidade de variedades em sua maioria nativas/ crioulas e da cultura alimentar das comunidades. Após alguns anos de uso a área é deixada em pousio para descansar e recuperar a vegetação que irá se regenerar com o tempo. Normalmente quem define o tempo da roça em determinado local são os próprios agricultores a partir da observação permanente do solo, fertilidade e equilíbrio ecológico do sistema. Ou seja a roça muda de local repetindo o ciclo de manejo.

A roça de toco é sem dúvidas uma das maiores engenhosidades dos sistemas agrícolas tradicionais existentes no mundo. O manejo dos agroecossistemas pelos agricultores fazem da roça um espaço de manutenção de práticas importantes para a conservação dos biomas brasileiros.

Roça de toco, coivara, roças que andam, diversos nomes para um conjunto de práticas que possuem inúmeros os benefícios, desde a conservação da biodiversidade, a produção de biomassa e proteção do solo, o aumento da fertilidade afinal nem só de NPK o solo vive, a redução de insetos e doenças na lavouras, a redução do uso de agrotóxicos, a diversificação dos cultivos e sobretudo a garantia da segurança e soberania alimentar das comunidades.

Contudo tem crescido os ataque aos conhecimentos tradicionais dos povos, devido a visão reducionista e simplificada de uma agricultura de monocultivos e dependente quimicamente, que tenta a todo momento criminalizar as práticas tradicionais de agricultura.

O uso de sementes crioulas, o uso racional do fogo e o pousio usados nas roças de tocos são partes importantes desse sistemas agrícola que demonstra o conhecimento técnico dos agricultores/as no manejo da paisagem em que vivem, visando a conservação dinâmica do ecossistema no tempo e espaço, aliados a manutenção produtiva de uma diversidade de alimentos.

Crime é o que o agronegócio faz, desmantando e queimando milhares de hectares anualmente de nossas florestas, reduzindo a biodiversidade de flora e fauna dos biomas.

Vale destacar que uma das principais ameaças as práticas tradicionais de agricultura é a perda do território que inviabiliza a manutenção do manejo integral dos agroecossitemas, bem como o avanço do agronegócio sobre as comunidades tradicionais (indígenas e quilombolas) com utilização de agrotóxicos, transgênicos, queimadas e desmatamento, que afeta diretamente o equilibro ambiental do território.

Por Fran Paula

03/03/2021.

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